O Jardim do Rei
Recontado por Giliane Ingratta Góes
 
Um rei foi visitar seu jardim e, surpreso, encontrou as árvores, os arbustos e as flores definhando e morrendo.
 
Isto lhe pareceu muito estranho porque, no jardim, havia todo tipo de lugar para que as plantas pudessem se sentir felizes: lugares altos, outros baixos; sombras frescas e aconchegantes, áreas banhadas de sol; terrenos secos e outros umedecidos por córregos de águas claras e cantantes, aonde pássaros vinham se desalterar.
 
Intrigado, o rei resolveu perguntar a cada planta o porquê de tal infelicidade.
 
O carvalho disse que estava morrendo porque não podia ser tão alto quanto o pinheiro. Voltando-se para o pinheiro, o rei descobriu que este estava murchando porque não conseguia dar uvas como a parreira. E a parreira estava morrendo porque não podia desabrochar como a roseira.
 
Então, ele encontrou uma planta - um amor-perfeito -, florida e viçosa como nunca. Indagando, o rei recebeu esta resposta:
 
- Entendi que quando você me plantou você queria um amor-perfeito. Se quisesse um carvalho, teria plantado um carvalho; se quisesse uma parreira, teria plantado uma parreira. Procuro me lembrar sempre disso. E como não posso ser ninguém além de mim mesmo, procuro ser quem sou da melhor maneira possível.