O homem que não conseguia escolher - Índia
 
Um homem padecia de um mal que atrapalhava continuamente sua vida: ele não conseguia tomar decisões. A necessidade de uma escolha, por menor que fosse, transformava-se numa tortura.
Um dia, um vizinho que criava gado e não conseguia acertar uma dívida que havia contraído com ele, propôs pagá-lo com carne recém abatida. Era um volume de carne importante.
O homem, como sempre, hesitou: seria melhor vender a carne ao açougueiro ou na feira? E isso a que preço? Ou então, poderia secá-la e conservar uma parte? Ou até mesmo a totalidade?
Passaram-se alguns dias. Quando o homem enfim decidiu vender a carne na feira, esta não estava mais fresca. Aqueles que comeram daquela carne ficaram gravemente intoxicados.
Furiosas, as pessoas foram se queixar ao juiz. O homem foi julgado culpado de negligência e condenado a escolher entre três penas: comer a carne estragada, receber vinte chibatadas, ou pagar uma multa de vinte moedas de ouro.
Nosso homem pesou longamente cada castigo. Mudou de opinião várias vezes até que o juiz, impaciente, ordenou que escolhesse. Pressionado, ele decidiu, desconsolado, comer a carne estragada.
Ele comeu uma parte da carne até que declarou, o rosto esverdeado, que escolhia as chibatadas. Na décima quinta chibatada mudou de opinião e preferiu pagar as vinte moedas de ouro.