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Lampiao e Maria-Bonita
 
Corisco e Dada
A complexa relação entre o masculino e o feminino no Nordeste brasileiro
 
A complexidade da relação entre os gêneros, que não é, obviamente, privilégio do nordeste brasileiro, vem em grande parte do fato que os princípios feminino e masculino estão presentes tanto nas mulheres quando nos homens. Essa relação complexa se dá, por sua vez, em meio aos efeitos engendrados por todas as formas de hierarquia: econômica, política, social, religiosa. A tensão é interna antes de ser externa, a relação é cheia de contradições, pelo menos desde o alastramento da androcracia e o esquecimento da possibilidade de parceria, inerente à gilania.
 
Na androcracia, o homem forte, armado da "espada" simbólica ou de qualquer outro meio de coerção, domina o homem fraco, a mulher, a criança, o animal. Por vezes, o homem ultrajado se rebela e faz sua a linguagem da violência, impõe sua violência à mulher. Às vezes a mulher ultrajada se junta por querer ao homem que se rebelou, para cuidar dele e lutar a seu lado.
 
Após ter se apaixonado por Maria Bonita, Lampião deixa de atuar enquanto homem impondo sua força às mulheres. Pela primeira vez, os homens de um grupo de cangaceiros acolhem uma mulher. Outras seguirão, por escolha ou à força, como Dada, raptada por Corisco. Elas foram mulheres, companheiras, às vezes mães, deixando a outros braços o cuidado das crianças recém nascidas. O cangaço viu acontecer, neste grupo de homens e mulheres, relações incomuns.
 
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Web site mantido por Vera Ferreira, neta de Lampião e Maria Bonita.
 

Livro de Daniel Lins: Lampião - O homem que amava as mulheres