A fonte da separação
Tradição indiana e turca
 
Um homem velho e sábio viajava com um jovem discípulo. Cansado por ter andado muito, o ancião parou debaixo de uma árvore. Mostrou ao jovem discípulo uma vila ao longe e pediu que este fosse buscar um pouco de água numa jarra que entregou a ele. O jovem tomou a jarra e foi-se em direção à vila. Chegando lá, logo encontrou a fonte aonde, a esta hora do dia, muitas mulheres vinham buscar água para suas casas. Chamou sua atenção uma linda moça da qual, naquele instante, se apaixonou perdidamente. Esqueceu totalmente a jarra e o ancião que o aguardava sob a árvore.
 
Seguiu a jovem e durante vários dias ficou rondando sua casa, feito uma alma penada. O pai da moça acabou perguntando o motivo do seu estranho comportamento. O jovem revelou então todo o amor que sentia por sua filha e pediu para casar com ela. O pai aceitou. Casaram-se, o jovem foi trabalhar com o sogro no cultivo da terra, e tiveram vários filhos. Anos mais tarde, o primogênito pediu a seu pai que o deixasse partir em busca da fortuna pelo mundo afora. O discípulo que havia se tornado pai deu a ele sua benção. A cada ano, uma criança pedia para deixar o lar. Depois, seu sogro e sua sogra morreram e, um dia, sua mulher também faleceu. O homem ficou só. Um dia que passava tristemente na frente da fonte, lembrou da jarra, da água e de seu mestre que tinha esquecido debaixo da árvore. Correu até sua casa, procurou a jarra, a encontrou, encheu-a de água e saiu correndo em direção à árvore onde tinha deixado o ancião, que ele encontrou tranqüilamente sentado e que o acolheu dizendo: "Filho, você demorou, estava começando a me preocupar!"