Surfista e Tecelã Meu caminho para o auto-entendimento e a auto-realização, seguindo a inteligência do coração. Esse tema, com o título "Surfista e Tecelã - Acreditando na inteligência do coração", foi apresentado no 1º Fórum ALTERCIÊNCIA, na ECA - USP, em 11 de dezembro de 2020, a convite do Professor Artur Matuck. Dou prioridade aqui ao tripé Surfista - Tecelã - Inteligência do coração, pois as produções e os estudos que decorreram dele encontram-se no presente site triskeldagi.com. Porém, para deixar mais claro o caminho percorrido, escolhi compartilhar duas experiências particularmente significativas: minha migração voluntária para o Brasil e a mudança de um hábito tenaz: fumar cigarros, graças à percepção de universos paralelos. Ainda criança, escolhi seguir a intuição do meu coração. Apoiando-me nela, percorri com certa isenção os caminhos oferecidos pelos adultos, na família e na escola. Mais tarde, passei a coletar informações e estudar assuntos que tocavam meu coração e a experimentar práticas de vida em acordo com esses assuntos. Também produzi objetos e textos em resposta à faísca intuitiva, quando esta surgia desprovida de preocupação com eventuais usos posteriores. A inteligência do coração Entendo "inteligência do coração" como a intuição experimentada profundamente por uma pessoa, independentemente da razão, da experiência acumulada, da idade, do gênero, da origem geográfica ou social. Não há nenhuma relação, portanto, com "fazer o que dá na cabeça". Essa inteligência depende, para se expressar, de uma boa dose de confiança em si mesmo, mas também de confiança na vida, no Universo, livrando-se aos poucos dos julgamentos e dos medos. Não podemos perder de vista que a diversidade é uma característica fundamental da vida, em todos os campos. A inteligência do coração implica no reconhecimento das sincronicidades, ou seja, das coincidências significativas. Ela conduz de criação em criação, de amadurecimento em amadurecimento, para um entendimento e uma realização de si cada vez mais amplos e mais profundos. Mas, sobretudo, ela é acompanhada por uma sensação de paz e de profundo sentido. Surfista Considero a vida como um fluxo, um oceano percorrido por inúmeras correntes de energias e informações (o Zuvuya dos Maias). Algumas dessas correntes têm a ver, mais que outras, comigo, com minha história, meu caminho, e isso vale para todas as pessoas. Percebo-me como uma surfista, atenta às ondas que me dizem respeito, e que meu coração me assinala através de uma faísca de intuição. Quando a faísca se produz, "pego" a onda que se apresenta e me deixo levar por ela em direção a uma nova idéia ou realização. Tecelã Cada onda que surge me aponta um assunto, me convida para uma ação, uma atividade. Então, agarro o fio que se apresenta, eu o sigo, o desdobro. Já segui os fios da língua francesa, da cerâmica, dos contos de sabedoria, dos símbolos (tradicionais e outros criados por mim), o fio das religiões e da espiritualidade, do cuidado com os antepassados, das sementes e das plantas, da saúde, da alimentação, e outros mais. Cada fio me ocupa por um tempo, mais ou menos longo. Às vezes, deixo o novo fio de lado, para retomá-lo em outro momento. Às vezes, junto alguns fios e nessa junção de territórios nasce um objeto, um projeto, um protótipo. Sinto-me, simbolicamente, uma tecelã, e alguns desses fios simbólicos tomaram corpo literalmente, por exemplo, no Tecido da Vida. Estrangeira no meu país de origem e imigrante voluntária A 1ª grande experiência desse fenômeno, eu tive quando eu ainda era criança. Nasci na França, em 1949, de uma mãe bretã e um pai italiano, mas não me sentia francesa e tinha certeza de que eu não iria viver na França quando adulta. A intuição era tão forte que passei anos me perguntando em qual país eu viveria. Tinha amigos estrangeiros, namorados estrangeiros. Com 22 anos comecei a namorar um brasileiro que morava em Paris. Quando ele me anunciou que queria voltar para o Brasil senti um tsunami no meu coração. Não sabia nada do Brasil, mas tive certeza que eu devia ir com ele. Vivo no Brasil desde 1973 e sinto, até hoje, que estou no lugar certo. Universos paralelos Outra experiência bastante significativa foi a de parar de fumar passando de um "universo fumante" para um "universo não fumante". Fumei por vários anos e com a consciência pesada, pois eu sentia dores nas pernas que eu atribuía ao tabaco. Um dia, percebi um momento mágico, tive uma sensação absoluta: "se eu parar agora, vai dar certo!" Observei a repetição dessa sensação ao longo de alguns meses e passei a associá-la com uma imagem mental: dois corredores seguiam um ao lado do outro, o primeiro, onde eu me encontrava, era a realidade "fumante", o outro era a realidade "não fumante". O momento mágico ocorria quando eu passava na frente de uma porta aberta que permitia passar de um corredor para o outro. Num dia 1 de janeiro, passei por uma dessas portas e mudei de realidade. Nesse universo "não fumante" não encontrei nenhuma das dificuldades clássicas, simplesmente parei de fumar. Alguns anos depois, voltei a fumar num movimento de raiva. Parei novamente, usando o mesmo recurso, com o mesmo sucesso. Conexões Ouvir e seguir seu próprio coração não quer dizer esquecer as relações que existem com o Todo e com as outras pessoas. Afinal, tudo está conectado e tudo é interdependente. Materiais sugeridos Além das produções apresentadas neste site, queria compartilhar duas referências que o Zuvuya me trouxe, logo depois que eu tinha começado a elaborar a apresentação destinada à ECA: The Treasure Box of Unexplored Senses Analisando as tapeçarias medievais La Dame à la Licorne, a Dra. Alexandra Henrion-Caude, geneticista, fala do sexto sentido, do amor, e de sua morada, o coração. Un état d´esprit : À l´écoute de l´intuition - Une vie de synchronicités Um estado de espírito: à escuta da intuição - Uma vida de sincronicidades. Dr. Tadeusz Nawrocki fala de sua trajetória, marcada pela intuição e as sincronicidades. |