O Mahabharata - contado por Jean-Claude Carrière
 
O Mahabharata é uma epopéia indiana tão grande que foi preciso o equivalente a 15 bíblias (antigo e novo Testamentos juntos) para registrá-la por escrito. Sua redação começou por volta do século Vº antes de nossa era e durou vários séculos, no entanto, ela já fazia parte da tradição oral muito antes de ser escrita.
 
Após ter estudado esses textos por vários anos , Jean-Claude Carrière fez deles uma peça de teatro (de 9 horas) e um filme (de 3h e meia), a pedido do diretor Peter Brook, e finalmente um livro pequeno, bastante concentrado, para seu próprio prazer, e o dos leitores.
 
O Mahabharata é uma história tão completa que se diz que: "Tudo o que está nela está também fora dela, e o que não está nela, não está em parte alguma".
 
E ela é tão essencial que também se diz que: "Se contasses essa história a um bastão velho, ele recuperaria as folhas e as raízes".
 
Mas o que significa Mahabharata? Maha quer dizer "grande" e "total". Bharata, por sua vez, é o nome de um antigo clã da Índia; a palavra significa também "Hindu" e, por extensão, "Homem". Ou seja, Mahabharata pode significar tanto "A Grande História dos Bharatas", "A Grande História da Índia", "A Grande História da Humanidade", ou ainda "A Grande História do Ser Humano".
 
Diz-se que essa longa história foi composta e é narrada por um ancião chamado Vyasa. Ele, aliás, não perde uma oportunidade de entrar na história e de se juntar a seus personagens. Ele nos conta de que maneira os dois ramos da família dos Bharatas, da qual ele faz parte, lutam entre si pela posse do reino de seus ancestrais. Há, de um lado, os Káuravas - 100 irmãos, filhos de um rei cego, que reúnem, sobretudo, as qualidades negativas do ser humano - e, do outro lado, os Pándavas - 5 irmãos, filhos de deuses, que possuem principalmente as qualidades positivas do ser humano.
 
Duryodhana é o primogênito dos Káuravas, e Yudishsthira o dos Pándavas. Os 105 primos têm os mesmos mestres de arma e recebem a atenção de um tio comum, Krishna, do qual alguns dizem que ele é Deus encarnado na Terra. Na Índia, o Deus único se apresenta sob a forma de três deuses que dominam o universo. Brahman, o criador, que nunca é visto; Shiva, o transformador, sempre pronto para destruir o que chegou a seu termo e sempre atento ao fim dos ciclos; e Vishnu, que faz exatamente o contrário. É ele que mantém os mundos, que os faz subsistir. Quando o caos ameaça, como neste momento de nossa estória, Vishnu toma uma forma terrestre e desce entre os humanos para desempenhar o seu papel. É ele que se esconderia por trás da forma de Krishna.
 
E quando o caos ameaça, a batalha se torna inevitável, trava-se o afrontamento entre as forças da sombra e as forças da luz, e ainda a luta entre as qualidades negativas e positivas dentro de cada ser humano. Portanto, os dois exércitos, o dos Káuravas e o dos Pándavas, estão se preparando para a batalha. Os tempos são difíceis: os valores e a beleza se perderam, a desordem tomou o lugar da harmonia, os homens estão dominados pela arrogância e maltratam a Terra, enfim, a sabedoria foi esquecida.
 
Para os indianos, com efeito, tudo é cíclico, tudo nasce, vive e depois morre... para nascer novamente; tudo, até o próprio Universo, até a própria Humanidade, é cíclico. Aliás, o Mahabharata teria sido escrito para guiar os seres humanos na travessia do ciclo mais sombrio da história da Humanidade, chamado Kali Yuga, uma das quatro idades da Humanidade, que dura milênios (ninguém sabe exatamente quantos) e na qual estariamos vivendo, segundo vários sábios hindus.
 

 

O Mahabharata
Filme legendado disponível no youtube
 
O Mahabharata - parte 1
 
O Mahabharata - parte 2
 
O Mahabharata - parte 3