Entrevista de Marc Henry a Rodolphe Forget
 
Marc Henry é químico na Universidade de Estrasburgo, professor e pesquisador. Entre outros assuntos ele estuda a água, e ele nos traz, a esse respeito, uma abordagem estritamente científica.
 
É preciso beber água. Num primeiro momento, não há reais diferenças entre as águas. O importante é saber, mais do que qual água beber, quando beber e em qual quantidade. Quando se trata de beber água, pode-se pensar, de cara, em usar um aparelho que dinamiza, um filtro de osmose reversa, um filtro de alta qualidade, mas se não tivermos dinheiro para comprar um desses aparelhos nem precisa pensar neles. Para os orçamentos modestos, deve-se começar pela água da torneira com a garrafa filtrante [no Brasil, um filtro comum]. É o mínimo.
Por que a água da torneira? Porque é o que há de mais barato, praticamente de graça, comparado à água de garrafa, e ela chega à casa das pessoas. O problema é que, mesmo tendo uma qualidade razoável, pode haver nela moléculas indesejáveis, por isso a importância de usar, pelo menos, a garrafa filtrante. Uma recomendação fundamental quando se usa a garrafa filtrante é trocar as velas adequadamente [isso vale para todos os tipos de filtros].
Segundo Marc Henry, devemos beber uma água que seja a mais pura e menos mineralizada possível [apesar dessa última idéia ser controversa]. Uma água pouco mineralizada quer dizer entre 10 e 100 miligramas de resíduos secos por litro. Se tomarmos água mineral engarrafada é fácil verificar essa informação, já que é obrigatório constar nas etiquetas a quantidade de "resíduo seco a 180º C". Se você escolher a água de garrafa, o número de resíduos secos também deve ser compreendido entre 10 e 100 mg/L, idealmente. Porém, esse tipo de água não é encontrado facilmente. Os valores de 120 a 150 mg/L são aceitáveis. Ultrapassando 200 ou 300 mg/L temos uma água carregada. A vantagem da osmose reversa é a purificação da sua água em casa. Partimos da água da torneira que pode ser muito carregada, pode ter um valor de 600 ou 650 mg/L, na França, dependendo da região [a água da França é particularmente calcária, em comparação à água do Brasil]. O interesse do aparelho de osmose reversa é trazer a quantidade de resíduos secos para 10 ou 20 mg/L.
No caso de uma ultra-filtração sem osmose reversa são retirados os vírus, mas não os sais. A osmose reversa, por sua vez, retira as partículas superiores a um mícron, ou seja, os sais, os vírus e as bactérias. Esse sistema produz uma água para beber, e se quiser, para cozinhar. Não é uma água para tomar banho. Para Marc Henry, quando se pode comprar o aparelho, essa é a solução ideal. [Algumas pessoas acham que não se deve tomar continuamente a água de osmose reversa por ela ser uma água "morta", que pode fazer as pessoas adoecerem, se descalcificarem.] No entanto o Marc Henry bebeu água de osmose reversa seguidamente durante anos, sem problemas. Hoje ele recomenda tomar diversos tipos de água alternadamente, por períodos de 15 dias ou três semanas, que é o tempo necessário para que toda a água do corpo seja renovada. [Pode-se colocar um grão de sal grosso de qualidade na água de osmose reversa, bem como uma pitada de bicarbonato de sódio para melhorar seu pH].
A água de osmose reversa pode ser considerada um medicamento: quando não é dinamizada ela permite limpar o organismo profundamente [esse é um ponto de vista conflitante entre pesquisadores. Jacques Collin acredita que a água precisa ser dinamizada para limpar o organismo e funcionar como remédio].
No que diz respeito à quantidade de água ingerida por dia não há regras, muda segundo a necessidade de cada pessoa. Aqui cada um é seu próprio mestre, quer dizer que não é o caso de se forçar a beber. Sabe-se que em geral é preciso de no mínimo um litro. Pode-se ir até 2 litros por dia. Abaixo de um litro e além de dois litros por dia, temos situações um pouco patológicas, não é muito normal [isso muda em caso de atividades físicas].
Qualquer que seja a qualidade da água é importante tomá-la entre as refeições e não enquanto se come. Deve-se tomar pequenas quantidades ao longo do dia. Ter uma jarra ao seu lado ajuda. Isso é importante porque se nós quisermos que a água cumpra seu papel de limpadora das células, ela precisa chegar nelas em pequenas quantidades, e não ir diretamente para os rins e a bexiga. Durante as refeições, se estivermos com sede podemos tomar um copo de vinho tinto, mas água não.
A alimentação apresenta mais problemas de moléculas nocivas do que a água. As únicas moléculas que são realmente um problema na água, são os perturbadores endócrinos. Há moléculas que agem em quantidades tão pequenas que o fato de bebê-las regularmente pode ser um problema. O fato de usarmos uma garrafa filtrante, que é a solução mínima, já retira muito dessas moléculas nocivas.
A poluição pesada dos alimentos não vem da cadeia industrial. Em geral os industrias utilizam uma água purificada para garantir a qualidade de seus produtos. Ela vem das carnes alimentares, ou seja, das carnes de boi, porco, galinha, etc., e dos peixes, principalmente daqueles que estão no topo da cadeia alimentar, atum, cação, etc.
A água é chamada pura abaixo de 10 mg/litro de resíduos sólidos diluídos, ou seja, quando passou por um filtro de osmose reversa e é pouco mineralizada. Sabe-se que a osmose reversa segura medicamentos, pesticidas, metais pesados, enfim, tudo que está presente, mesmo em concentração muito fraca.
A pureza da água pode ser medida por um TDS, este aparelho, no entanto, mede apenas os sais dissolvidos. Já o bisfenol A das mamadeiras de plástico, por exemplo, só pode ser medido por aparelhos extremamente potentes, fora do alcance do grande público, todavia ele será barrado pelo filtro de osmose reversa. Pode-se comprar TDS na internet ou em lojas de aquarismo.
Todos os filtros exigem um grande cuidado no respeito dos prazos de troca dos elementos filtrantes, em particular o filtro de osmose reversa. Quando, após verificação com um TDS, nota-se que a água se encontra fora dos padrões recomendados, ou seja, acima de 35 ou 40 mg/l, quer dizer que a membrana está defeituosa e precisa ser substituída sem demora.
É preciso distinguir filtração e dinamização. Pode-se dinamizar qualquer água, até água de torneira. Normalmente a dinamização permite limitar o efeito das moléculas indesejáveis, mas certamente é melhor dinamizar uma água limpa. A ciência convencional não reconhece e não estuda a dinamização, para ela o assunto não existe. No entanto, a maioria das pessoas que se importam com a água que bebem usa a dinamização. Há vários métodos de dinamização, como expor a água à luz do sol [em garrafa de vidro], fazê-la girar no copo com uma colher formando um pequeno vortex, usar um aparelho que provoca uma dinamização, etc. A escolha do método é completamente pessoal e deve ser guiada, antes de tudo, pelo prazer de beber a água obtida. Se não há mais prazer em beber é que está na hora de mudar o método de dinamização, eventualmente o próprio tipo de água. Se não se usa a dinamização, pode ser o caso de começar a usar. A dinamização modifica a água e cuida de certos problemas internos do corpo. Esses problemas tendo melhorado, uma nova forma de dinamização vai ser necessária para cuidar de outros problemas.