Água interna, água externa.
 
Introdução - Giliane I. Góes
 
O que nossa água interna tem a ver com o telefone celular?
 
Há de fato uma relação estreita entre água e eletromagnetismo, no caso, entre a água presente internamente no corpo humano e os aparelhos emissores de ondas eletromagnéticas como celulares, computadores, torres de retransmissão, etc. São descobertas recentes vindas do campo da física quântica e ainda pouco conhecidas.
O corpo humano sofre os efeitos dos campos eletromagnéticos porque somos seres compostos majoritariamente de água (75% em peso, 99% em número de moléculas) e porque essa água contém íons [relacionados a sais minerais]. Como esses íons são carregados [eletricamente], eles reagem aos campos eletromagnéticos. Essa sensibilidade varia de pessoa a pessoa, mas tende a ser nefasta na maioria dos casos. Por exemplo, quando se encosta um telefone celular na orelha, as ondas que ele emite tendem a abrir a barreira encefálica deixando entrar no cérebro eventuais toxinas presentes no sangue, em particular aquelas que se encontram na alimentação e nos remédios (agrotóxicos, metais pesados, corantes e conservantes químicos, glutamato, aspartame, etc.).
Na sua palestra sobre água e eletromagnetismo, Marc Henry, químico, professor e pesquisador na universidade francesa de Estrasburgo, apresenta os conhecimentos recentes que permitem entender os perigos das ondas eletromagnéticas para nossa saúde. Ele insiste sobre as várias maneiras de nos protegermos: diminuindo ao máximo a ingestão de toxinas, fazendo uso de uma água de qualidade [ver as palestras "Que água beber"] e de alimentos orgânicos, adquirindo hábitos como o uso de fones de ouvido ou viva voz para não encostar o celular contra o ouvido, desligando os aparelhos eletrônicos presentes no quarto antes de dormir, e usando dispositivos confiáveis que neutralizam as ondas nocivas [na França pode ser comprado os CMO - Oscillateurs Magnétiques de Compensation -, no Brasil pode ser usada a turmalina preta e certas plantas] .
 
Que água beber? O que nossa água interna tem a ver com a água externa?
 
Beber uma água de qualidade é um dos primeiros passos em direção à boa saúde. Assim, é importante pesar os argumentos de estudiosos do assunto. A esse respeito, há pouco material disponível em português, já em francês são muitos os livros, textos e vídeos.
Vimos acima que o corpo humano é, em peso, 75 % água, e, em número de moléculas, 99 % água. Portanto, é fácil reconhecer a importância da água que bebemos - a água externa que vai constituir nossa água interna. De uma maneira geral, podemos dizer que sem água não há vida e sem água de qualidade não há saúde.
Vou apresentar, a seguir, pontos de vista resumidos de 3 estudiosos da água, entrevistados por Rodolphe Forget: Marc Henry, químico, professor e pesquisador na Universidade de Estrasburgo, Jacques Collin, engenheiro e autor dos livros L´eau, le miracle oublié (A água, o milagre esquecido) e L´insoutenable vérité de l´eau (A insustentável verdade da água), e Yann Olivaux, biofísico, diplomado em ressonância magnética nuclear aplicada à biologia e à medicina e autor do livro de mais de 700 páginas, La nature de l´eau (A natureza da água).
Veremos que cada um desses entrevistados responde à pergunta "Que água beber?" a partir de um entendimento que lhe é próprio. Em suas falas, no entanto, há alguns aspectos recorrentes, como a importância da água para a saúde do ser humano, a importância da filtração e da dinamização, o cuidado de beber água apenas entre as refeições, etc. Cabe finalmente a cada pessoa, pesando os argumentos dos estudiosos do assunto, encontrar a água cujas características se afinam mais com ela e trazem a ela a melhor sensação de prazer e bem estar. Para tanto, a autopercepção será uma ferramenta fundamental.
 
Resíduos sólidos na água
 
Observamos diferenças entre a realidade francesa e a realidade brasileira, no que diz respeito, por exemplo, à quantidade de "resíduos secos a 180 graus C", ou seja, o peso de minerais que sobram, junto com alguns componentes como o cloro, quando a água é aquecida a 180 graus C e evapora. Usa-se um aparelho chamado TDS para efetuar essa medição. A água da torneira no bairro de Pinheiros, em São Paulo, contém 47 mg/L de resíduos secos, numa determinada localidade no Embú, próximo de São Paulo, 102 mg/L, já em Paris, a medida é de 420 mg/L, segundo o site oficial da água de Paris, e chega a 600 ou 650 mg/L em certas regiões da França, devido, principalmente, à presença de cálcio. No entanto, para ser absorvido pelo corpo o cálcio deve provir de vegetais e não da água. Ao contrário do que se poderia pensar, uma água boa para a saúde é uma água pouco mineralizada. As quantidades desejáveis de resíduos secos variam entre 20 e 100 mg/L, no máximo 120 mg/L. Nas etiquetas das águas minerais consta a quantidade de resíduos secos a 180 graus C.
 
Quanto e quando beber água? E a filtragem?
 
O químico, professor e pesquisador Marc Henry insiste na necessidade de se beber água. Nesse sentido, para ele, mais importante do que saber que água beber é saber quando beber e em que quantidade. Deve-se beber água somente entre as refeições e em pequenas quantidades de cada vez para ela ser aproveitada pelas células. [As células dependem da ingestão de uma água pura e com vitalidade. Outras bebidas não servem para essa finalidade, pois misturam moléculas diferentes às moléculas de água. Ex: chás, sucos, etc.]. As células renovam seu conteúdo de água a cada 2 ou 3 semanas. Hoje, Marc Henry considera que pode ser bom mudar o tipo de água ingerida, seguindo o mesmo ritmo. A quantidade de água ingerida, necessária a cada pessoa, varia. Marc Henry considera normais quantidades entre 1 e 2 litros por dia.
 
A água da torneira pode ser filtrada, no mínimo por uma garrafa filtrante [no Brasil pode ser um filtro de barro]. Há também filtros de alta qualidade, mais caros, entre os quais o filtro de osmose reversa, que fornece a água mais pura e menos mineralizada possível [em média, 20 mg/L de resíduos secos. Se estiver abaixo de 20 mg/L, essa água pode ser corrigida adicionando-se a ela um grão de sal grosso de boa qualidade. Para corrigir o pH, uma pitada de bicarbonato de sódio resolve].
Para o engenheiro Jacques Collin, como não temos mais acesso a fontes puras e a águas em movimento, temos que "fabricar" a nossa água. O uso do cloro para tornar potável a água da rede pública, leva a vários tipos de problemas. Tanto na água da rede, quanto na do corpo, as bactérias mortas pelo cloro podem dar origem a vírus, silenciosos e prejudiciais. O cloro também provoca uma oxidação acelerada da água e leva o corpo a produzir um tipo de oxigênio tóxico. A água passa a ter um potencial eletrônico muito fraco que, no corpo, inibe a vitalidade, impedindo a ocorrência de algumas reações metabólicas.
Algumas águas, tanto da rede quanto as engarrafadas, podem ser muito carregadas de calcário [principalmente na França, e, em algumas águas minerais, na França e no Brasil]. Esse calcário, mal ou não assimilado pelo corpo, pode levar a várias doenças (doença de Paget, osteoporose, calcificação das artérias, etc.). Sem contar os poluentes contidos na água, que o corpo luta, às vezes em vão, para eliminar e que prejudicam as células.
As águas minerais, que são muito diferentes na fonte e depois de engarrafadas, têm, muitas vezes, uma quantidade excessiva de minerais (verificar na etiqueta da garrafa, a quantidade de resíduos secos a 180 graus C). Quanto maior a quantidade de minerais na água, mais o corpo vai ter dificuldade em absorvê-los. Ao tentar eliminá-los, ele pode formar cálculos renais, por exemplo, e até tromboses. Se quiser beber água mineral, ela deve ser o mais puro possível, não podendo ultrapassar 100 ou 120 mg/L de resíduos secos. Portanto, é preciso verificar essa informação na etiqueta.
É a partir dos vegetais presentes na alimentação que o corpo obtém o suprimento de minerais do qual precisa. Nas etiquetas das garrafas consta também o pH da água, porém esta informação não tem nenhum valor pois o pH é medido na fonte e se altera na garrafa.
 
Para Jacques Collin, a filtragem da água é fundamental. Existem muitos tipos de filtros, com velas de cerâmica, de carvão ativado, etc. , mas o mais eficiente é o de osmose reversa. Esse filtro produz uma água muito pura, porém considerada "morta", desinformada e desestruturada. É aí que entra a dinamização, cujo objetivo é devolver à água o seu potencial eletrônico, sua vitalidade.
Todas as águas boas para a saúde têm um forte potencial eletrônico e um pH neutro ou levemente ácido. Elas precisam conter certa quantidade de minerais para ajudar na sua estruturação [retomando, se a água estiver abaixo de 20 mg/L de resíduos secos, ela pode ser corrigida adicionando-se um grão de sal grosso de boa qualidade].
Devemos beber dessa água corrigida, em jejum, para que ela possa ser usada pelas células através do sistema digestivo (estômago e intestino) e do sangue. Pode-se começar devagar, tomando um copo pequeno. Depois, é preciso beber ao longo do dia, entre as refeições, nunca durante. O vinho pode ser tomado durante as refeições, porque, segundo J. Collin, ele não é uma bebida e sim um alimento. Devemos parar de beber água ½ ou 1 hora antes das refeições e recomeçar 2 horas após as refeições. Para quem trabalha sentado atrás de um computador, é importante beber água no fim da tarde, isso pode diminuir o cansaço e eventuais dores nas costas. O cérebro, que é água, precisa de água boa, as articulações também. Os pais têm um papel fundamental na introdução desses hábitos saudáveis na vida das crianças. Lembremos que todas as bebidas industriais (sucos, refrigerantes, etc.) provocam várias perturbações metabólicas.
 
O biofísico Yann Olivaux propõe pensar em "quais águas beber" no plural, pois as águas disponíveis são diversas como são diversas as tipologias fisiológicas das pessoas. Ao contrário da idéia geral, a água não é uma coisa simples e banal, é muito complexa. Na escala das células, a água se apresenta num estado diferente dos três estados descritos pela ciência, ou seja, sólida (gelo), líquida e gasosa (vapor). Ela também existe como água interfacial. Neste estado, onde a lei dos grandes números não se aplica mais, a água apresenta novas propriedades.
Por trás da pergunta "Que água beber" há importantes aspectos econômicos. Há também sérios aspectos ecológicos. A água, cada vez mais poluída por causa das atividades humanas, se torna um produto cada vez mais raro. Novas maneiras de obter água potável trazem consigo novas questões ambientais, como é o caso da dessalinização da água do mar. A água engarrafada, por sua vez, além de gerar um enorme lixo de plástico, percorre longas distâncias entre o local de captação e a boca do consumidor. Esquece-se muitas vezes da relação entre a qualidade das águas ingeridas e nossa água corporal, e a facilidade como a água é obtida em certas regiões faz dela um produto banal que não é visto mais com o respeito que os antigos tinham por ela.
 
Dispomos de quatro tipos de águas para beber: a água da rede, a água engarrafada, a água filtrada a partir da água da rede e a água dinamizada a partir de águas de qualidade. Além disso, há três qualidades de água: a água potável, segundo as normas oficiais - Água Destinada ao Consumo Humano - que não prejudica a saúde; a água biocompatível, que é uma água boa para a saúde em geral; a água terapêutica, constituída pelas águas minerais que têm virtudes terapêuticas reconhecidas e possuem uma legislação particular [na França]. Esta última, que é usada em tratamentos de saúde específicos, deveria ser bebida no local da extração. Yann Olivaux e o centro de pesquisa do qual faz parte, o CRIIEAU, defendem uma mudança no tipo de avaliação da água para visar uma água dita biocompatível [sem produtos químicos, com poucos minerais e com vitalidade], portanto promotora de saúde.
Na escolha de uma água para beber devemos levar em conta: o aspecto econômico (o preço que podemos pagar); o aspecto ecológico (o impacto do plástico e do transporte); a qualidade da água; o aspecto sanitário das águas modificadas por filtração e/ou dinamização.
A filtração responde à necessidade de diminuir ao máximo os produtos nocivos presentes na água, mesmo que em doses fracas, pois os perturbadores endócrinos agem em doses ínfimas. Existem dois grandes sistemas eficientes de filtração: as colunas de carvão ativado, "frito" e comprimido (são muito mais eficazes do que o carvão granulado da garrafa filtrante), e a osmose reversa, que usa uma membrana com filtragem mecânica que deixa passar uma quantidade bastante baixa de resíduos secos. A dinamização, por sua vez, pode ser realizada a partir de uns 20 sistemas, no caso da França. Trata-se de procedimentos de estruturação da água que não são reconhecidos pela ciência convencional. Eles buscam reproduzir eventos da natureza como o vortex e a exposição ao sol, que potencializam a vitalidade da água. A dinamização precisa ser estudada de maneira multidisciplinar e independente.